Uma chance para mudar de vida
Sonhar é bom, mas realizar é ainda melhor. Transmitir positividade é bom, mas vê-la nascer no rosto de alguém desesperançoso é ainda melhor. Nossos jovens não sabem da capacidade que têm de sonhar alto: ajude-os a descobrir que eles podem (e merecem) ir mais longe!
Fui institucionalizada quando tinha 9 anos, logo após perder minha mãe. Não sei nada a respeito do meu pai. Vim pra cá junto com meus irmãos mais novos, que foram todos adotados.
Tive a experiência de ser adotada por uma tia por algum tempo, e foi péssimo, pois eu era tratada com indiferença, tanto que minha tia me devolveu ao Conselho Tutelar. Melhor quenem tivesse me adotado.
Por enquanto ficarei aqui, mas mesmo quando penso em completar 18 anos, não vejo muito bem para onde ir."
As pessoas dizem que me admiram porque sempre tomei conta de meus irmãos mais novos,e eu fico feliz com isso, porque sempre sofremos muito, então tive que protegê-los desde cedo.Minha mãe nunca ligou muito pra nós e meu pai abusava da gente de todas as formas. Crescemos no meio da violência, apanhamos muito e fomos ameaçados de morte várias vezes.
Aqui estamos nos sentindo um pouco melhor, mesmo com um futuro incerto pela frente. Ainda não sei muito bem o que fazer quando completar a maioridade".
É a terceira vez que me acolhem. Me sinto confusa porque não consigo confiar em ninguém. Antes de completar 9 anos, fui levada para um tio paterno, que me pedia favores sexuais. Depois, fui encaminhada para a minha mãe, que me colocava para trabalhar o dia todo e me maltratava. Me entregaram então para o meu pai.
Não entendi muito bem o que aconteceu, meu pai também pedia para ter relações comigo, e quando me apaixonei por ele, disseram que eu estava emocionalmente dependente.
Não entendi nada disso. Conseguiram me afastar do meu pai, e acho que é melhor assim. Mas acho que vou precisar de acompanhamento psicológico por muito tempo ainda".
Sinto muita falta de receber visitas. Minha mãe não vem me ver, porque não sabe fazer ligação nem pegar ônibus, mas também porque obedece meu padrasto, que me humilhou a vida toda e humilha ela também. Eu tinha que esperar meu padrasto sair de casa pra poder comer.Antes de vir pra cá, eu estava dormindo do lado de fora da casa, porque ele não me queria perto.
Eu gostaria muito de rever a minha mãe e ter um outro tipo de vida, esquecer tudo que aconteceu. Me disseram pra pensar no futuro, e eu tento, mas às vezes fica difícil demais".